domingo, 1 de novembro de 2009

Diploma de Ignorância: a Graduação do PRECONCEITO!

A estudante Geisy Arruda trajando o vestido que motivou a agressão


Só o retorno à Idade Média explica o lamentável episódio de discriminação protagonizado pelos alunos da Faculdade UNIBAN de São Paulo, contra a estudante Geisy Arruda, de 24 anos, execrada publicamente por conta de um vestido curto.

Centenas de estudantes fizeram um pelotão de linchamento moral, mais parecendo membros enfurecidos da Ku Klux Klan ou coisa que o valha, enquanto a garota vestida num jaleco e escoltada por policiais, passou entre eles sob uma chuva de ofensas, humilhações e até ameaças. Um grupo de rapazes chegou a bradar que a jogassem para eles que a estuprariam. Uma verdadeira aberração social em pleno século 21!

Mas o que mais me choca é a capacidade que muitas mulheres tem de atuarem como agentes propagadores da discriminação da qual são vítimas. Nos vídeos que exibem o ocorrido na Internet, vi muitas garotas rindo, jogando bolinhas de papel, xingando a estudante e tirando fotos em atitude agressiva e desprezível, como se ela fosse uma atração de zoológico.
Os comentários feitos pelas estudantes refletem esse posicionamento. Afirmações do tipo “Foi só ZOEIRA e o pessoal exagerou, MAS ELA MERECEU!”, “PROVOCOU, só quis aparecer”, além de declarações da mais inteira futilidade, quando uma aluna disse que “Muita gente me procurou porque me viu na TV. MEU ORKUT TÁ BOMBANDO!”, refletem o desprezo diante de um fato tão grave.

Não estou isentando os homens de sua culpa, muito pelo contrário, como de praxe foram os mais hostis, mesmo Geisy tendo afirmado que recebia constantes galanteios de muitos dos que a execraram (a velha contradição masculina). Mas me dói muito que as mulheres não procurem combater o preconceito enraizado dentro delas, fruto de uma educação machista e repressora. Se elas não mudam como exigir a mudança de comportamento por parte da ala masculina?

Penso que todos nós precisamos parar e refletir um pouco sobre nossas atitudes. Não podemos abonar comportamentos tão nocivos, agressões tão descabidas. A moça usou uma roupa mais curta, diria até inapropriada para um ambiente da sala de aula como ela mesma confirmou, mas nada justificava tratá-la como um animal. Para mim, é um paradoxo: alunos de um CURSO SUPERIOR tomarem atitudes selvagens e degradantes.

Fica meu REPÚDIO a todos que tomaram parte nessa agressão. Espero que a justiça tome providências cabíveis contra os responsáveis, pelo menos para que sirva de exemplo a manifestações futuras. Não me apego a ilusão otimista de que coisas assim jamais se repitam. Mas confio que o episódio reacenderá discussões sobre a responsabilidade que nós mulheres temos nessa luta desigual pela ocupação de um espaço justo e igualitário na sociedade.

2 comentários:

  1. Margareth querida estamos com vc! O problema é de ordem moral. Não é o conhecimento acadêmico que faz a pessoa respeitar o outro de verdade é sim, uma questão de foro íntimo que nasce com cada um. Precisamos ensinar nossas crianças a serem honestas e respeitar o outro como ele é. Isso é pra ontem. Esses dos preconceitos, e de outro tipo de violência são os que ainda não aprenderam a se respeitar e respeitar também os outros........

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  2. Verinha, sua sabedoria e amizade sempre são uma benção nessas horas. Você tem toda razão, minha amiga. Cabe a nós lutarmos pela mudança dessa triste realidade! Beijos!

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